segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Cais das 6h


     Sou tão jovem, mas tão cansada. Cansada do desamor humano, das más influências, da descrença. Cansada de mim, principalmente. Da minha cobrança por reciprocidade, de esperar o melhor, de amar, de acreditar na mentira-traço-esperança. Com o maior escrúpulo eu dou um passo, mas sinto que algo me puxa pra baixo, algo me larga num canto. Resolvi parar, descansar. Tudo que me cura, um hora me adoece, e isso sim é algo que me enlouquece, algo que me diz: - Basta! Mas quando realmente vou me ouvir e, principalmente, me obedecer, eu não sei.
     É a falta de 5 minutos de transe que rebaixa cada vez mais a depressão. Não há à venda escadarias pro Paraíso, então sem solução eu me vejo imóvel em traços nervosos, sem ar, sem fundo e sem vida. Acordei, e: - Bom dia, uma passagem de volta ao inferno, por favor. Meu café amigo, meu banho morno e minha mochila estampada, suspiro e abro o portão da rua. Não sei a recompensa do fim do dia, ou não a dou o valor suficiente, mas, mesmo que cansada, ainda creio.
     Quem me dera um dia de paz, plena e satisfatória. Não faria mais do que sentir o sol batendo na minha pele fria, o vento varrendo meus pensamentos e meu amor me complementando da forma mais intensa. Talvez num cais ao cair da tarde, talvez descobrindo um pôr-do-sol deslumbrante. Mesmo cansada, ainda creio nesse dia. Eu ainda creio.

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