segunda-feira, 28 de março de 2011

Não Ser É Ainda Ser


Com essa intensa cantoria na minha cabeça: notas e notas diante de mim, me encantam e me envolvem - logo, estou possuída. Eu não sei onde estou, mas não estou perdida. Eu me sei aqui, nesse lugar. Não me importo o caminho se eu puder andar de mãos dadas comigo, (s)em paz. As luzes me mostrarão o caminho de volta, ou de ida. E se eu tiver, eu vou. Ou fico. Eu sei de mim, mas onde estão os outros? Eu passo por lugares, e me lembro de cada estátua de pedra-sabão reluzindo à luz da manhã quente; vejo pombos rondando o chão esperando brotar do céu sementes, provavelmente enviadas pelos deuses. Mas me vejo com a paisagem sem gente, só vultos sem rosto. Fantasmas?
Eu ando andado sem rumo, literalmente. Curvava as linhas do breve horizonte, sumo em ônibus que não sei onde me deixarão. Não vejo pessoas. Ultimamente, não sei o que eu vejo. Memórias visuais vazias de concreto. Cabeça cheia de músicas e pensamentos. Pensamentos tão soltos que logo esbarram nos pensamentos arquivados e todos saem voando num sopro de atenção. O que mais eu posso perder? Sinceramente, eu não lembro.
Fantasmas não aparecem para me assombrar, não esses. Eu caí no mundo e talvez eu faça parte dele. Sinto-me tão desnecessária, tão própria e mimada. Não sou maior que tudo que tenha importância. O que tem importância? Não lembro, vai ver o mimo tenha destruído a minha importância-casual. As pessoas são tão pouco minhas que mal as reparo. Não as vejo em lembranças frescas, e raramente nas maduras. As pessoas não são minhas, e não tenho vontade que sejam.
Propriedade privada, pássaros e desordem. Desordem em mim, mimo entre nós - por isso foi, não é? Se calar é pior do que a verdade evidente na transpiração do olhar. Sinto seu calor daqui, mas não sinto segurança em nós. As pessoas perdem tanto tempo pensando nos outros que conseguem esquecer de si mesmos; outros pensam em si mesmos e esquecem dos outros. Outros se esquecem de tudo por não pensar em nada... Eu sei onde vou chegar em breve, mas me privo de entender a razão. E se eu souber, esquecerei.

sábado, 19 de março de 2011

Amor



Eu não aprendi nada assistindo à TV hoje. Talvez eu devesse vê-la ao invés de apenas olha-lá. Não, não adiantaria. Não a culpe, querida, você tem o direito de estar com raiva, mas não de descontar num inocente. Eu ainda presto atenção nela. Será a minha mente tímida e não se deixar levar? Não sei, mas tudo parece tão óbvio para mim. Eles não querem nada, só nos conquistar. E parece pouco. É pouco. Mas é tudo que temos.
Levaremos nossos cachorros para passear, andaremos nas calçadas e asfaltaremos as ruas dos nossos espíritos, e por quê? Evolução. Não. Não sou eu quem sabe, mas eu sei que tento. Tento fugir dessa montanha-russa-implícita que ao mesmo tempo em que apavora, encanta. Alucina e excita e envolve. Até que te enforca. Morre-se de amor e mata-se sem razão. Aquele rapaz rasgou a faca com seu coração, mas não se arrependeu. E não lhes culpou, embora, em parte, tenham influenciado.
Doce casa, meu anjo, bem vinda ao inferno. Sorriem aqueles que me querem abaixo de seus pés, enterrada abaixo da minha própria estima, afogada no meu próprio desespero. Não querem participar, mas querem que aconteça. Não os culpo, eles não sabem por que fazem. Revolução. Ah, menos. Seríamos mais evoluídos se plantássemos a vida e colhêssemos nossa alma, em plena qualidade renascida e revigorada. Renascer? Um começo, eu acho. Não sei. Só sei que isso não passa na TV.



Por me ajudar com minha constante falta de
criatividade com títulos, obrigada, Léo.