Tempo Para Pensar

São três razões para fugir, e doze para não voltar. Partimos logo de manhã, então esteja preparada, amor. Não leve muita coisa, o mundo é maior que sua mochila. Leve seu pulmão para todo e qualquer ar, seu coração para me acolher da chuva, e sua máquina fotográfica. Esqueça seu telefone, seu notebook, celular, vida. Estará levando embora, dentro de uma caixinha de fósforos vazia. Vou te dar uma nova para que guarde toda sua vida adiante. Mas acorde cedo.

Sabe, querida, entendo seu medo pelo desconhecido, e espero você decidir, mas não posso, e não quero ir sem você. Se não for, eu fico. Mais vale te ter, do que qualquer outra dama, algo que preencha mais que o outro lado da cama. Eu te faço preciso, seja aqui ou em Beirute, com o som de um acordeom no fundo.  Faria uma orquestra para te convencer. Ou simples violinos em Verona. Só preciso de um sim para subir em um balão, tocar o dégradé do céu de fim de tarde. E um dia eu acordarei.

Vamos fugir para o Nada, do nada se criar um mundo. Fazer da terra produtiva, e do futuro próspero. Colher das uvas e beber vinho no jantar. Ou vamos ser nômades, morar em um lugar a cada lugar. Conhecer além do que vemos, e descer, de olhos fechados, uma ladeira. Ou ficamos em casa, pensando no que podemos fazer, assistindo a um filme de jovens que vivem intensamente com medo de envelhecerem, e se tornarem “inválidos”. Ficaremos em casa, seremos uma caixa vazia. Estaremos acordados.