Estava vendo as fotos que tiramos naquela festa. De trinta fotos, eu gostei das três. Estavam desfocadas, mal tiradas, mas estávamos sinceros, e nossos sorrisos pareciam mais brancos do que nunca. Não bebemos, nem nada que nos tirasse do chão: éramos você, eu, e nossa felicidade. Era o suficiente. Fazíamo-nos necessários, enquanto hoje o convívio, em vezes, parece nos sufocar. Quando as vi, pensei em chorar de felicidade, saudade. Mas se fosse, seria de tristeza. Tristeza por tudo ter se tornado tão difícil, de perder a capacidade de se contentar com tão pouco, ou nada. O tempo cura, mas também mata.
E me afundei na memória, me deixei afogar nos mares da nostalgia. Quando dei por mim, estava secando uma lágrima e dizendo que estava tudo bem. Mas melhor seria tornar as melhores coisas do mundo eternas. Fazer chorar uma garotinha? Não, o tempo não seria tão mau com ela. Ele espera, espera você passar pelo muro. Deve ser divertido te ver dando adeus à simples e pura felicidade da meninice. Ele sabe ser cruel. E você, nós aceitamos. Temos cada vez mais sede do passado, e menos esperança para o futuro. Então, com seus braços cruzados, espera que a vida passa.
Aquele gosto me veio à boca, adoçou o fel de todos os dias, e mesmo que só por um momento, eu me senti intensa. A luz – mais fraca pelo horário– estava, agora, dentro de mim e não no sol. Estamos ansiosos, esperando a hora certa para dizer sim: sim à vida, sim ao amor, sim ao futuro. Acordaremos dos pesadelos para viver um sonho. Eu te darei as três fotos, e mil pedaços de mim. Os guarde com o mesmo amor que eu, e espero que seja tão intenso contigo, como foi comigo. E então, almejaremos juntos antes que se torne mais difícil.
Gostei da intensidade do texto.
ResponderExcluirNão há amor que não deixe marcas.
Belo texto Beatriz,
Te seguindo.
Beijo
As fotografias ficam marcadas na memória e no papel para sempre,
ResponderExcluira fotografia me move.. amo-as.
Mas assim como lembranças os sentimentos tambem ficam marcados.
Um beijo Bia!