terça-feira, 9 de novembro de 2010

Jardim


Meus espíritos me mordem e eu desconto no lado de fora. Seria melhor se eu soubesse me calar, me controlar. Mas são eles, e eles me dominam como o poder de adulto sobre uma criança. Pelo menos como deveria ser. As regras de boa sociedade me pareciam tão idiotas, mas eu fui maior. Elas não existiriam se não fosse para o crescimento e evolução social. E claro, tirar sua paz e liberdade. Minha paz foi embora quando fechei a porta em sua cara. Sem tempestades, sem ventania. Era um calor maldito, e ele me queimou mais por dentro do que por fora.
Minha garganta lateja por causa das palavras quentes que escapam, como uma explosão. Explodi tudo que era saudável e estava ao meu lado, e eu sabia que, antes ou tarde, aconteceria. E foi, aconteceu. Soltei duas cordas, e com uma delas eu me enforquei. Esperei que alguém viesse junto, mas, sim, tem gente que vive sozinha. E eu me encontrei ímpar no movimento da rua, esperando o sinal verde. Ele veio, mas eu não segui: sabia que bateria na primeira esquina e voltaria ao ponto de partida. Fiquei ali, e enchi meus pensamentos de falsas epifanias – coisas que eu já sabia. E então, bati.
Tem gente que não se ama, e eu me ignoro. Mas minha paz só voltaria se eu fosse gentil, e mentisse recíproca felicidade. Olhei tanto para as flores que elas me enjoaram, entende? Mas eu quero a paz de volta, comigo, em par. Ela virá, ela sempre volta. Mas e você – pensava–, vai bater de novo com a porta? Eu a deixarei aberta, terá um tapete vermelho, uma fonte e flores, muitas flores. O jardim de Iaiá para te receber, divina. Eu sei que sou rude, senhores, mas tento ser gentil, maior. Mas ainda me pego amarga quando me dizem para melhorar, e acreditem, é muito mais fácil aconselhar do que ser. Eu sei, eu sei ser uma idiota, e odeio que me lembrem.
Desculpa por um dia de chuva em plena primavera, querida.



Agradeço pelas flores do jardim, Lagos.

Um comentário:

  1. Eu que sempre vou agradecer a todos os seres iluminados por ter posto a tua amizade em meu caminho.

    não vou comentar mt sobre suas palavras, sãos empre belas e qlqr coisa que eu tentasse dizer seria muito singelo, alé do mais sou bem fã de teus escritos!

    Lhe digo: em meio as flores, lhe chamo de rosa... uma rosa alegre, com muito brilho.

    Muito te admiro!

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