quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Cartão Postal


O dia tinha tudo para ser escuro. Uma cola de manhã e tudo resolvido: algumas poucas preocupações deram uma volta. Mas o gosto de ferro ainda estava na minha boca e nenhum álcool dissolveria isso de mim. Migrei minha mente, e ela se deixou voar, e voou. Estava pairando sobre mim mesma, e isso de certa forma foi bom. Minha liberdade genérica me acalma, assim como os contos lúdicos. E relaxar hoje em dia não se serve nem aos merecedores e a mim. Eu não sou quem vai te fazer concordar.
O dia abriu, mas de uma forma tão clara que só fez piorar minha dor de cabeça, e meu santo remédio me esperava em casa. Mas quando cheguei fui apunhalada pelo sono e perdi uma tarde. Eu queria perder todos os dias, e quem sabe acordar em Paris. Mas ela ainda me espera, e eu espero pelo dia seguinte. E quem sabe ela não me venha de bandeja, e uma camisa-brinde. A guardaria no bolso quando voltasse. Daria de presente para qualquer desafortunado que sonha com ela, e espera passar os dias. Não pela superioridade de dizer “eu estive onde quis”, só para dizer que eu era uma desafortunada e que só bastou uma chance da vida me olhar com bons olhos e eu sorrir para ela.
Ela ainda não me olhou assim, ou soube disfarçar. Mas eu sorrio para ela, vai ver me note. Somos tantos e os ares de cartão postal não são entregues a todos na hora que ditamos necessário. Minha dor de cabeça pode nunca passar, mas que seja mal físico. Um problema emocional não se resolve apenas com um descanso. Descansaria agora, eu e uma xícara de chá, mas o tempo me pressiona contra os planos. Talvez eu não seja uma merecedora, mas ainda estarei sorrindo por ela. E me deixarei migrar, voar.

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