sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Divino


    Voltava pra casa, ainda estava no ônibus. Já à noite, cansada, me deixei fechar os olhos umas três vezes. O movimento era demais, então o máximo que consegui foi citar algumas vezes "Jai Guru Deva". E sim, isso dá certo comigo. Imaginei não entrar num transe, mas não foi o que aconteceu. Não o mesmo de quando se medita de verdade, mas é você estar ali e não estar.
    De princípio, pensei em fim. Morte. Não acho que tenho medo da morte. Não sei se por nunca ter chegado perto dela involuntariamente, ou por qualquer outra razão que não digo por não me vir. Dentre esses pensamentos me veio escrever uma carta mental de todas as despedidas, como se os destinatários pudessem me ouvir. Gostaria que sim, já que sentia um mal por perto, minha garganta se fechava cada vez mais, e como se não pudesse respirar e nem reagir. Agir. Não me movi nem por um minuto, a não ser na hora em que o ônibus arrancou. Só me ajeitei no banco, mas fora isso, não permiti olhar para fora da janela, ou para o teto do ônibus. E se olhava não olhava, apenas mirava. Na verdade olhava pra dentro de mim.
    Quase no fim do percurso de volta pra casa, uma luz. Uma que clareou todos os meus pensamentos e, por um momento, afastou todos os meus medos. Não fiz mais que agradecer a vida que tenho, as pessoas que tenho, as oportunidades, as experiências. Elas me fazem o que sou, e o que serei. Amém. Mil orações em um minuto. O tempo estava parado pra mim. Era preciso falar. Amém. A última palavra antes de voltar e descer daquele ônibus. 
    Entrei em contato comigo mesma no melhor dos sentidos. Amém...

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