França. 1832. Eu sonhei com isso e ainda não decifrei – tenho mania de querer entender tudo. Não era real, mas eu sentia verdade ali. Era França só de nome e charme e café. Falavam a minha língua: nada. Silêncio progredia. Eu recuava. Mas logo a curiosidade me fazia entrar naquele lugar. Sonho com isso. Daqui, de repente lá. Café na França, vinho na Itália e amor comigo naquelas águas. Canso-me dessas idas e vindas. Mas não me importo, faço dessa bon voyage boa de verdade. Sonho com ela. Sonho nela. Sou dela. Não acredito no destino mas levarei o mesmo comigo na mochila quando partir. E não sei se volto. Mas devo partir… logo.
La faim. Falo disso: fome. Não fome convencional ou espiritual. Fome de fome. Quero me comer. Ter-me em minha boca, te saborear. O nosso misto é maravilhoso – não provei, mas sei o gosto por também ter sonhado com isso. Acredite nas minhas loucuras. Vamos ser loucos? Chamaremos o mundo pouco a pouco, e eles se entregarão. Imagine – John Lennon. Sabe? O trecho que diz: “and the world will live as one”. Todo o contexto vale, mas ressalto esse. O mundo. Um só. França, falava dela. Do sonho de #2. Voltando…
França. 1832. Sonhei com isso…
Não que eu não queira estar aqui – por vezes não quero– mas eu quero viver por mim. Para mim. Para a viagem. Ela. Depois eu volto, você me perdoa. Mas eu quero tempo para poder perdoar a mim, sabe? Eu quero viver bem comigo. Eu não quero me jogar da ponte como uma jovem de 17 anos atormentada pela relação turbulenta de casa. Eu quero me matar de prazer, sofrer de amor. É, eu não peço paz eterna. Ainda não estou morta de morte eterna.
França… Depois Itália. Talvez o mundo. Não sei. Acho que vou pegar esse ônibus e ver onde vai dar. Convido-lhe, mas não acredito que venha. Parece imaturo demais para você. Mas é passageiro, volto. Assim que der eu volto. O ônibus está me esperando. Adeus, breve. Talvez nos encontramos num café na França no meu sonho de #2 para que morramos de amor. Prazer.
França. Hoje. #2 e nos encontramos num café na França.
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