quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Descontente


A verdade é uma psicopata: mata sem culpa. E quem diria, eu estava viva. Sentia-me tão distante de tudo que meu interior era meu fúnebre lar. Perdi-me em mim por tanto tempo que tenho medo de não sobreviver ao mundo. O lado de fora é assustador e temo descobrir que alguém me protagonizou enquanto estive fora, mais pela minha insuficiência de ser eu mesma e ter sempre a impressão de inferioridade. Mas não contigo. Bloqueio tanta coisa com você por perto para impressionar a mim mesma. E impressiono o meu ego egoísta e orgulhoso por receber tanto e me dar pouco.
O calor derreterá o gelo. E me derreterei por cada palavra sua acariciando minha nuca. Seu carinho é um mar de pétalas e eu retribuo com meus espinhos. Agrada-me confessar minhas obscuridades, e não peço que entenda, mas agradeço por não me deixar em paz. E eu respondo com meus demônios neuróticos e meus seres descontentes. Deixo-me possuir e isso excita o pior de mim. Destratar-te me sufoca o espírito. É um suicídio calado. Mas meu ser é maníaco: me apoiar no passado é tudo que surge enquanto não estou presente. E meu presente está morrendo comigo.
Mas entenda que apontar é muito mais fácil que cicatrizar minha ferida ainda exposta. Teu encanto me encanta e me trata, mas não cura. Não me entenda, nem minhas convicções são convictas e eu sou piedosa comigo. Meu amor é expresso em cada movimento, então me cobre as palavras manipuladas e sem cor. Sem mim eu não sou nada. Com você eu ainda tenho chances. Não se sinta insuficiente com minhas pretensões sem propósito. Eu me sinto a pior pessoa por total descontrole. Só confie em mim, e eu me darei o melhor. E ainda assim não se descontente.

Um comentário:

  1. Bom, minha praia e poesia mesmo. Mas vi uma simetria em um texto que escrevi. E saiba que acho ótimo esse tipo de simetria. Abraços!

    Tá aqui o texto que falei: http://fredcaju.blogspot.com/2010/07/hasta-la-vista-baby.html

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