Será de manhã, logo de manhã. Enquanto a brisa for fria e a minha proposta sincera. Sem o ardor da tarde, e a alma pesada de casos isolados. Pecados. Pecarei, mas terei o perdão. Já disseram que sou deísta, mas às vezes minhas crenças são absurdas às suas leis. Já me condenei, mas não sou eu quem dito as regras: eu só alterno em quebrá-las. No fundo eu sou o que algumas pessoas não admitem ser. Eu sei que sou fria, como essa brisa, e quero que venha comigo.
Minha casa se torna, cada vez mais, meu túmulo. Ainda não é a minha hora. Se for ela me perseguirá, e eu, ah, eu saberei. Quero ir, mas antes quero que venha comigo, para bem longe de mim, de você e do resto. Quero que se cure das minhas doenças e comemore com uma noite morna e vinho à vontade, no peitoril da janela. Brisa bem fresca. Quero sair dessa casa, de dentro de mim. Disseram-me que as paredes não sufocam, e sim o que te prende entre elas. Eu sou o edifício inteiro, e também sou a obrigação. Ar puro e brisa fresca, você e vinho. Para mim a paz é suficiente.
Perguntei ao Deus o que era meu. Silêncio. Perguntei se era eu a questão. Silêncio absoluto. A dor de cabeça era intensamente mais forte. Notei a perda. A perda que eu quiser perder, ora. Pensei perder Ele, você. Ambos estavam ao meu lado, prontos para me ajudar, caso as colunas não suportassem todo o peso. Pecados. Mais um caso isolado. Ambos estavam, e, dessa vez, eu vi. Aceitei. Mas eu sei, ah sei, que as paredes se fecharão enquanto eu não me aceitar. Perdão. Espero que não se fechem abaixo de 27 palmos de terra, trancando-me, dentro de mim, sem chave, do lado de fora do meu coração. Dizem que sempre dá tempo… Silêncio.
Pela escolha aleatória e recíproca do título, Carlo Lagos.
Perfeito!
ResponderExcluir["Ar puro, brisa fresca", palavras revigorantes...]
ResponderExcluirum imenso abraço,
Leonardo B.
Estava passeando pelos blogs por aí, e achei aqui! Gostei! :) Estou seguindo! Depois dá uma passada no meu pra conhecer!
ResponderExcluirBeijos :)
a pedra e a perda
ResponderExcluirpercebo
sonhos da tarde arderem
segredos aos flancos unhando-se
- rubor de sangue -
entre nácar e néctar
concedo-te ambos
a alma em riste
- celebremos o triste ?
as mãos encardidas
em carne viva
expulsando a pedra encarnada
esta perda mútua da vida
ilustra a dor em demasia ?
vestígios do horizonte:
o mármore do teu rosto
se esfria
aqui o poeta
( sem febre e vestido de verde-jade )
pelas encharcadas ruelas
agora sobe em cortejo os céus
entretecido pelo fogaréu
da ínsula alma
asas que atravessam
escarlates retículas
no entrecéu
ruptura que incita a súbita luxúria
órbita mirável que emudece
e vitrifica a língua
memória que tece
esta chama longilínea
sonhas
e o poeta sonha:
bem cedo o doce
cedo-te uma dose
sedo-me às doze
em qual labirinto
a salamandra incendeia ?
pressinto
as pálpebras em teia
by luiz gustavo pires