sábado, 12 de fevereiro de 2011

Convite


E ela estava ali, parada, me esperando. Eu só perguntei o que queria e a mandei ir embora. Ela foi, e eu fiquei aqui, parada, esperando. Não entendo, mas tenho essa mania de ser tão mal educada com a vida. Também mimada e teimosa, tudo do meu jeito. Eu também posso ser do jeito que você quiser, mas quando eu quiser. Se eu quiser. Eu tenho o mimo da intolerância e a teimosia em continuar mimada. E ela foi. Eu fiquei. Tudo porque eu não quis mudar.
Ando tão sem graça e sem humor e sem tudo. E nada. Ando perdida andando por aqui, onde tudo é tão meu. O caminho é meu e eu quem o faço, mas eu não o quero fazer, pelo menos não do meu jeito. Vá lá falar isso para meu ego(ísmo). Não ouve. Mas eu ouço meu coração palpitar, se revirar e me morder quando não o obedeço. Ai de mim, isso não tem cura? Ai de mim, eu não quero cura. Ai de mim. Sabe quando acha que você é apreciado por algo que odeia? Eu me amo. Estou para me matar, mas é tão cansativo. Mantras, rezas e cigarros me conhecem bem. O resto finge que conhece, já que não faz tanta diferença.
Quer conhecer? Invada-me! Abra as portas como se um ladrão fizesse o meu íntimo de refém. Salva-me. Resgata-me de mim, dos meus monstros guardados no armário, ou de mim. Os dois são quase a mesma coisa. Eu não vivo sozinha, eu moro sozinha. Aprisiono o amor e seus derivados no peito, enquanto eu delicio um chá com monstros e a vida, até eu a mandar embora. Perdi-me, pois, sem ela. Eu estou parada, esperando socorro por um suicídio forçado. Visita-me, arromba as portas daquele quartinho escuro. Dá-me um pouco de luz. Eu estou aqui parada, esperando.



Participação direta na escolha do título, Carlo Lagos.

2 comentários:

  1. Gosto de quem escreve com a alma...belíssimo!


    Beijos pra Ti

    ResponderExcluir
  2. Por isso sou teu fã. ;)

    Viajo nos textos q vc escreve. Parabéns!

    Beijos

    ResponderExcluir