quarta-feira, 13 de julho de 2011

(Re)Construção


A alteração das bases do meu edifício me abala e me faz quase cair. Desconhecidos os andares da boa esperança, mas espero que ela esteja acompanhada de um pouco de paz. Os espíritos que assombram as minhas paredes não se cansam, como os da infância mal perdida. Insistem em dizer que estamos em caminhos diferentes, desgarrados de qualquer elo que nos unia, desapegados às promessas quebradas e ao futuro ilusório. A verdade é fria, e às vezes queima.
Eu acho que sonhei hoje à noite. Frutos de saudade nasciam ao pé das minhas fontes, era um amor incabível, típico de despedidas. Eu acho que foi um sonho, mas acordei com o vazio da partida e um a menos. Sou roupas limpas secando ao sol, e, ao fim do dia, serei usada e suja novamente, até que me lave de todos os pecados. E os sorrisos mal estampados e as lágrimas secas voltarão a ser rotina. Espero que um dia me sustente com minhas próprias colunas sólidas, mas ainda deixo minhas janelas abertas para receber o sol e a ventania, enquanto minhas portas continuam fechadas. A verdade é fria, e, agora, queima.

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