Descansada nas próprias asas curtas da razão, me perdi quando te conheci. Não era a vodka, ou as palestras irracionais de qualquer droga: simplesmente desapareci de mim, e, logo, estava visitando sua casa. Ora, meus pés respondiam por mim, mas quem era eu para responder a mim mesma? Uma viciada, uma dependente, e logo a resposta vinha como uma brisa em minha mente. Sim, viciada em teu perfume, dependente de teu toque. Quem sou eu para fugir? Uma mera marionete do grande show do amor. E quem sou eu para parar, se nem na minha respiração e em muito menos em meu coração consigo mandar.
Sei que tudo parece clichê, mas ando tão romântica que desconheço e mal me importo com o chão que me pisava, e com as sombras sem rosto que me rodeiam. Tanto faz se estou aqui, ou na vida (ir)real, eu estou, e isso, isso ninguém pode me tirar. De você. E você de mim. Ligados por um sentimento mais que normal, uma coisa não tão trivial, abrindo meus olhos e entrando em nosso mundo, onde aqueles que nos proibiram não reinam mais, e em seu colo posso me encostar e encontrar minha paz. Sem sequer reparando nos males que nos perseguem, mas de vez em quando, criando os nossos próprios demônios. Fazendo-nos arder em nosso próprio inferno.
Céu é para os dignos, que com medo de viver se escondem na vida normal que, ao contrário de nós, amor, que vivemos por viver sem prezar pelo amanhã, sem pensar no depois. Só no amor e no agora, no nosso castigo pedido particular. E quem sabe haja um fim a nos arruinar, a quebrar todas as nossas promessas individuais feitas para nós, e que nós sejamos os mesmos seres. Não, não seremos: nos deixamos levar pelas correntezas do maior íntimo, e de individuais viramos individual. Tornamo-nos tanto um do outro. Somos um tanto de três em um. Um tanto de eu em você, e você. Tanto.
Eu, você e você. Um pouco de nós.
Por B. Estiano e Edd Rodrigues
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