segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fotografia


Fotografo com os olhos o que não posso reparar. A mente (des)anda e flutua em rios de memórias do que eu ainda não vivi. Eu estou sorrindo de tão leve que não sinto. Você está tão perto que lhe sinto. Aqui. Agora. Há tempos não sentia, mas agora eu vejo. Fotografia. Somos objeto do passado e ele nos consome. Por hora, esqueço. Recebo-lhe e me traz uma flor - nunca fui boa conhecedora. Mas era um frasco, e nele continha a essência da sua alma. E era minha. Éramos nossos.
Nenhuma catástrofe televisiva parece maior do que o que temos agora, e ela está ligada, mas para nos observar. Admirada... Nenhum calor é tão terno quanto o calor que rola de um lado para o outro no chão da sala. Dia de chuva. Sorrisos tão intensamente satisfeitos, como se nos alimentássemos um do outro. Nada é tão sincero a ser sempre verdade, mas é puro. E a áurea cândida que nos rodeia também nos guia, e, sabe-se lá onde iremos parar, estamos indo. Muito bem.
A felicidade está ligada a tantas relações, mas me contento em ser só feliz. Mesmo que o futuro não seja o mesmo que seria hoje em dia, eu vou ser feliz. Ou vou estar. Ou vou tentar. Deixar ser. O que tiver que ser, pode ser que seja. E eu estarei lá. Estarei aqui. Enquanto fotografo com os olhos tudo que não se pode ver: uma flor que não sei de nome, mas conheço de essência: absorvo-a e completo-a. E seremos nossos.